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domingo, 25 de setembro de 2011

ATO DE AMOR - poema

ATO DE AMOR

Veio o luar de prata cobrindo nosso beijo
Ampliando o desejo mutuo na escuridão
O sabor da saliva amarga vai bater ao peito
Transformando em ato obsceno a paixão

Teu corpo ao solo é coberto pelo meu
Com apelo indecoroso potentado de amor
Encenado em amiúde tal fosse um Romeu
A paixão desenfreada pigmentada de calor

Vai e anda como circulo com nobre ação
Volta e consome teus segredos mais solenes
E no passeio de tuas curvas sinto o coração
No teatro de corpos suados e ardentes

O detalhe de uma luz que veio despertar
Acomoda meu sorriso acasalado com você
Esse tenso limiar que o sol veio separar
Os corpos harpeados que a noite fez prender

Artur Cortez

sábado, 24 de setembro de 2011

POEMA GÓTICO - poema

POEMA GÓTICO


A noite era de pleno breu agnóstico
As almas corriam nas veredas nórdicas
Sob a luz havia apenas um festo óptico
Das lacunas que o luar atinge expostas


Sou como um Drácula faminto por dor
Meu alimento é a busca por uma flor
E a insistência é cabível de esperança
Na estrada a busca é conforme a dança


A demasia atropela a lógica do alcance
Nos pleonasmos imperceptíveis do amor
Onde a concordância é uma avalanche
De sofrimento, lagrima, ausência e dor


Artur Cortez

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

CRÔNICA DE MINHA VIDA - crônica



CRÔNICA DE MINHA VIDA

Eram meados de 1975, Marabá-PA, eu apenas um menino de quatro anos, as margens do rio Tocantins no acampamento da Mendes Junior onde estava uma loucura, em minha pouca lembrança lembro-me de um bicho preguiça que vivia na cerca de nossa casa, minha mãe encorajava para  que eu o alimentasse com bananas e abacates, outra lembrança dessa época eram os passeios de barco naquele rio-mar, também me lembro de um igarapé que sempre enchia e fechava à estrada que ligava o acampamento à cidade, histórias de minha mãe com meu pai, pela seriedade de minha mãe e a irresponsabilidade de meu pai e suas noites boêmias, nessa época dona Conceição (minha mãe) sempre sentava comigo nos degráus da entrada da casa que morávamos, acho que pela solidão que vivíamos, pela distância e pelas dificuldades de comunicação com o Ceará, onde moravam nossos familiares, aprendi com ela a encarar a solidão como uma aliada criativa, lembro entre muitas coisas ditas por ela, uma das quais foi aprender a expressar sentimentos através de poesias e poemas, nessa época do Pará aprendi que a solidão poderia ser expressa em palavras e músicas.
Dona Conceição (minha mãe) era expressiva, espontânea e capaz de fazer o impossível em prol de sua razão, em 1976 já de volta a Fortaleza minha lembrança já muito clara de locais e acontecimentos, morávamos na rua trinta e cinco do conjunto polar, onde nasceu minha irmã, cinco anos eu reinei só ao lado de minha mãe, de repente aparecia alguém que roubara toda atenção que era minha, momento critico da vida de uma criança de cinco anos, minha mãe mais uma vez soube me amparar e me fazer seguir entre dúvidas e medos, a solidão que eu sentia chamava-se ciúmes, ela com seu jeito capaz e sempre atento serviu de ilha para meu barco à deriva. O ano de 1980 foi terrível, ela e meu pai já não conseguiam passar um dia sem discutirem, era um sábado primeiro de novembro, ela me pediu pra fazer umas compras no mercado, lembro-me apenas que acordei com um grito de “cadê minha mãe”, ela tava do meu lado segurando minha mão e falando que eu não me preocupasse, “to aqui meu amor” foram às palavras perfeitas pra meus ouvidos, mais uma vez minha solidão era acompanhada por ela, mesmo com o braço quebrado e os olhos fechados, a segurança de sua companhia era certa naquele momento de dor. Em 1982 ela me chamou no quarto da casa que morávamos no conjunto Castelo Branco, disse “Meu filho eu vou me separar de seu pai, mas quero que não tenha medo” embora meu pai ainda tenha acompanhado a gente até a mudança pra casa da Raimundo Gomes, nesse mesmo ano nasceria minha irmã mais nova, lembro com carinho dessa casa, das brincadeiras e da figura de Luiz José (véi), encontrei obstáculos e minha mãe me ensinou outra lição, recomeçar, foi assim que nossas vidas giraram num eixo de trezentos e sessenta gráus, finalmente em 1983 chegamos ao conjunto polar. A vida foi se anunciando de forma feliz e segura, a proteção de minha mãe era contestada por mim, queria eu sair e encontrar meu caminho, não entendia o porquê ela sempre fechava minha porta, mas o encontro com a vida era inevitável, aprendi a entender o não a falsidade e o encontro com erros, muitos mesmos, mas o mais impressionante era como minha mãe estava ali pra concertar comigo, parecia que adivinhava as minhas angústias e necessidades, assim foi minha vida entre altos e baixos, mas sempre com o colo pra curar minha sede e sua companhia pra minha solidão. Era 12 de outubro de 2010, o mal se espalhou de forma notória, como ultimo ato ela brincou no café da manhã, deu presente a mim e a minhas irmãs, depois já em precária situação fez questão de ir comemorar o dia das crianças fazendo seu ritual de 20 anos (distribuição de presentes com crianças pobres). Era 15 de outubro meio dia quando cheguei ao hospital pra visitar minha mãe, como sempre segurei sua mão e cantei ao seu ouvido, passei um breve momento e quando ia saindo fui chamado, eram meio dia e quarenta minutos, voltei segurei sua mão, sentir naquele momento o ultimo ato de minha companheira de vida, meu anjo partiu de volta ao encontro de sua celeste morada. Hoje 23 de setembro quase um ano se passou, a vida continuou, mas eu finalmente aprendi e entendi o que é solidão, a vida ganhou rumo e meu destino à deriva segue com a lembrança e a dor. Falta hoje entender a solidão e o sentido da palavra família, vou só e hoje realmente sozinho preciso entender a saudade dos vivos e dos mortos.

Artur Darlan Alves Cortez

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

SONETO À UMA FLOR - soneto

SONETO À UMA FLOR

Beija-me com o mel salivar
Invade meu ceo em estasia
Sonda-me o corpo em par
Com teu olhar de magia

Deita-se no solo peitoral
Cobre-me com maciez e ais
Serdes nesse jardim floral
A rosa que me cativais

Sonha com um belo voar
Onde o céu é o limite
Vens sob o corpo galopar

Em prol do olhar que emite
Minha retina a te em suplique
Que seja o ilimitado amar

Artur Cortez

VERSOS SOLTOS - poema

VERSOS SOLTOS

Vem mudar meu rumo
Vem fazer nossa historia
Sela minha boca comedida
Cruza meu corpo em abraços
Leva-me nos braços
Formata o grilhão eterno
Onde me prende o corpo
A mente livre te ama

Artur Cortez

terça-feira, 20 de setembro de 2011

CAMALEÃO DA VIDA - poema

CAMALEÃO DA VIDA

Alegria, alegria! No reino da fantasia
Saturado estou das lagrimas reais
Onde vivo em um mundo de afasia
Na cúpula de corpos alienais
Alegria, alegria! Simplesmente sorria!
Onde o adeus não resistiu à saudade
Mixado em demasia, em maldade
No final do dia viva apenas de: alegria!

Alegria, alegria! Nem que seja de magia
Pra um soneto cantarolar na manhã
Vivenciando o orvalho em bela azia
No cume da roseira de carimã
Alegria, alegria! Vem e contagia!
A tristeza que fica ao teu derredor
Não der a vez de olhar tua agonia
Apenas tenha certeza: é alegria de dar dó

Alegria, alegria! Numa reza pra Maria
Que tua misericórdia seja atendida
E o embrião cinza não seja teu dia
E teus olhos livres da poeira ardida
Alegria, alegria! E viver em demasia!
Onde o sol nem sempre arde
O horizonte já vem tarde
Viva com a dor na carne, mas viva: alegria!

Artur Cortez

domingo, 18 de setembro de 2011

DIVERGÊNCIA - poema

DIVERGÊNCIA

Eu sabia que não queria
Vento ventania: vida exposta
Onde mora saliência
Vida urbana é exigência
Sigo o caminho da imprudência
Perdendo-me: perdidinho
Achando-me o tal
Chamando o amor
Chorando de amor
No canto do encanto,
Onde estou! Ou onde estou?

Artur Cortez

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

SEM RUMO - poema

SEM RUMO

Ao tempo esqueço a dor
Na vida apenas as flores
A estrada escolhida que vou
No peito meus mil amores

Poemas catados da vida
Sonetos de envoltas paixões
O verso de polpa atrevida
As terças de rimas e ilusões

Saudades eu levo partindo
Sorrisos do que marcou
Ponderado vou eu sentindo
Historias em lagrimas e horror

Sem porto segue o navio
Sem norte distúrbio no olhar
A vela postada ao pavio
Os passos que dou sem amar

Artur Cortez

terça-feira, 13 de setembro de 2011

SONETO AO INGRATO - soneto

SONETO AO INGRATO

Não preciso que chores no meu peito
Nesse momento repito a vida: solidão
De minha historia o meu caminho é feito
Da vida minha historia é separação

Nem lembro de todos, nem como eram
Nem a morte trouxe a mim compaixão
Apenas curiosos ao redor encaram
A inerte batida de meu coração

Sigam caminhos que esquecem em vida
E lembram na morte de abri as feridas
Sigam cada um ao seu encontro fadigo

Eu já estarei bem longe e esquecido
Porque em vida não esqueci a dor
Muito menos na morte esquecerei o amor

Artur Cortez

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

VIOLADA NO TERREIRO - poema

VIOLADA NO TERREIRO

Chora a viola no peito
Toma um gole de cachaça
Na rede onde me deito
Deparo com a vida “marvada”

Anoitece no meu sertão
E a galega me faz um dengo
Ela mima meu coração
Com seus dedos molengos

Vem à lua pro meu terreiro
Presenciar nosso roçado
Pra lua sou seresteiro
Pra galega eu sou safado

Artur Cortez